21 maio, 2007

DE OLHOS BAIXOS



Eu sei que
deveria estar
jogando estas
cartas fora.
Mas é que
a vida não
tem me permitido
ser feliz.

Os sinais estão
sempre fechados.
Permaneço com
os olhos caídos,
não tenho refletido
sobre nada,
mas tenho pensado
em muitas coisas.

Não quero viver
pra simplesmente
entender ou
viver só por viver.
Não se tem esse direito.

(Luís Machado)

19 maio, 2007


HAI KAI


quando vejo o sol se pondo
na minha frente
passa um marimbondo.

09 maio, 2007



O Luzecu


O luzecu voa
desapercebido
e desprevenido.

Com uma luz pós-dorsal
ele voa pela mata
e suga a seiva matinal.

carrega alguns pósitrons
num bumbum luminoso
e brinca de código morse
bichinho lubricoso.

pisca pisca o lume
que vaga no escuro
e desenha uma linha
imaginária no ar...

...brinca eu e tu
correndo atrás
de um luzecu!


(Márcio Boas)

07 maio, 2007

A Gata e o Tear


O tear fica em cima da mesa

tão parado e submisso...

E ela chega,
Aproxima-se devagar
E começa a tear.

Teando a tarde toda
Tendo várias idéias
De como ter
um belo tecido.

Suas unhas entrelaçam
Nos fios esticados
E produzem um som
Ondulante.

A noite chega,
E ela leva o tear pra cama
E fica teando
Até o dia amanhecer...

Sonhando um dia
Com um lindo
Tecido lilás!

05 maio, 2007



...transmutei de madrugada
num sonho que me fez
acordar sufocado


nada mais era do que
um galho preso
na minha garganta


ai ai, essa minha idéia
de querer ser árvore...


03 maio, 2007

MITO

Um tempo fabuloso
Miúdo, minucioso
Escrupuloso...

Minhas mitocôndrias
Me desagradam as vezes.
Mitografam uma mitologia
Mitomaniaca.

Mas tudo acaba numa
Deliciosa Mitose!


(Márcio Boas)

02 maio, 2007

O Luteicórneo

O luteicórneo estava
De Luto...

Vestiu luvas!
Que luxo...

Luxuria
Essa luz de lucerna.

Converteu-se
Ao luteranismo
e vislumbrou o lume.

Olhou o luar,
O clarão da lua...

E num gesto lúcido
Pegou a lupa e gritou:

LUTEI!



(Márcio Boas)
Pedaços de semente

o que nos ressalta
é essa marca
que destaca
a letra rasgada

Que detesta manter-se alinhada,
Que alarga os quadris das moças,
E que remexe com a cabeleira dos praças,
Que é bruta, rota, bêbada e mal-amada

essa marca de infancia
foi alguma pancada
saiu pra passear
e ficou cicatrizada

Minha vó teve nove filhos,
Quatro morreram de pedrada,
Pedrada que a morte atira e se esconde,
Pedrada que não deixa marca.
E se marca não fica,
Muito pior. Convulsão sem febre.
Mal sem sinais... Peste que vem sem se anunciar.

pequenos pedaços de sementes
de acerola no suco...

...assim são as marcas!


(Andréa L.C./Márcio Boas)